terça-feira, outubro 26, 2004

Eu sei que poderia fazer um dos incrivelmente longos raciocínios que normalmente posto, bem como poderia postar um poema triste sem fim, mas não.
Ainda não postei nenhuma música, mas como eu estou tão corrida hoje, queria deixar um trecho disso que estou ouvindo. Mas só porque faz bem... Pelo menos, pra mim faz.

Pra que sofrer com despedidas?
Se quem parte não leva
Nem o sol, nem as trevas
E quem fica não se esquece tudo o que sentiu.

Tudo é tão simples que cabe num cartão postal
E se a história é de amor já não nada anormal
O adeus traz a esperança escondida
Pra que sofrer com despedida?

Se só vai quem chegou
E quem vem vai tarde
Você senta, se lamenta
Depois vai dormir

Alguém quando parte é porque outro alguém vai chegar
Num raio de lua, na esquina, no vento ou no mar
O adeus traz a esperança escondida
Pra que...???

... sempre...

...

Pra que querer ensinar a vida?
Pra que sofrer?


Na boa? Meninos e meninas que me lêem nos meus devaneios... não ta dando certo? Ta dando certo, mas não é satisfatório?
O difícil é deixar pessoas saírem de dentro de nós. Não é difícil que saiam, mas que nós mesmos deixemos sair. E o pior ... costuma ter muita gente melhor e que supre as espectativas em qualquer lugar.
Se a gente conseguir, em algum momento, ser racional sobre o que nos aflige, em qualquer ângulo, a gente nota o quão simples é. Porque tudo é simples. Muito simples. Tão simples que, realmente, cabe num cartão postal.

...O universo segue um rumo que todos nós esperamos...

... esporadicamente...




Agradeço a todos que rezaram pelo Crô; vocês não imaginam como ele ta feliz, e como a Casa da Família Freitas é capaz de sorrir novamente... Genial. Sério, mesmo.



terça-feira, outubro 19, 2004

Hoje não é um dia de luto, mas o sol não brilha com a intensidade que devia...

Após uma longa noite de insônia, onde o sono só bateu quando amanheceu, acordo com grunhidos estranhos e esganiçados.
Acreditei ser um pássaro, porque volta e meia acordo com um novo animal empenado que faz alguns grunhidos inusitados.
Quando parou, voltei a dormir.

Novamente, o barulho. Mas esse é diferente: mais freqüente, e vem acompanhado dos gritos histéricos da minha mãe, já com olhos avermelhando-se. Sim, era o Croquete.

Todos devem conhecer o Crô. Quem não o conhece, não imagina o que está perdendo. O gato mais amor, mais inteligente e humano que existe. Ganha longe de mim, e da maioria das pessoas que conheço e respeito; talvez porque ele é o Crozão, incrível por si só.

O Croquete estava vomitando bolotas de sangue, e, tremendo, acabei por agarrá-lo e levar para o veterinário. Está com a maior estomatite que ja vi, alguns pontos de micose visível e ninguém imagina do que origina esse vômito ensangüentado.

Ele está internado, não sei por quanto tempo. Sei que faz menos de duas horas, e suas bochechas já fazem falta na paisagem da casa...

segunda-feira, outubro 18, 2004

Por que as pessoas têm se sentenciado uma caixa?

Sim, uma caixa.
Deixe-me fazer explicar: é tão comum as pessoas se sentenciarem a uma rotina... não falo de Complexo de Kelly Key. Falo da caixa.
Determinar que é uma pessoa que segue uma determinada linha. E não aceitar sair dessa linha. Especificar que qualquer coisa que saia disso é ruim.

Posso determinar um caso específico como exemplo.
Acabou de sair aqui de casa um amigo, que fazia um certo tempo que não via e tem pouco tempo que ele se assumiu gay.
Logo, parece-me que para "consolidar-se" nesse ramo, ele só aceita locais gays, e os novos amigos deverão o ser. Tudo, para entrar nesse mundo, deverá ser.

Ainda considero o oposto. Muita gente me critica, digo musicalmente (que acredito ser a expressão de uma certa ecleticidade), por ouvir Ramones, Helloween e Raimundo Fagner. Claro que Fagner é péssimo, mas o valor dele está na sua ruindade!
Não posso dizer que não estou numa caixa, porque, até que ponto o fato de transitar em todos os pontos, não é uma caixa, também? Isso eu não sei!
Outras possibilidades existem (ainda mais em Porto Alegre), e elas passam a ser vetadas apenas por um certo preconceito (seria esse o termo certo?). Sei que é possível se transitar, brincar de pular entre facções e grupos, e ainda se manter fiel a quem realmente se é. Acho que falta maleabilidade nas pessoas, talvez assumir as outras faces.


É meio triste isso. Talvez seja eu mesma, nessa minha fase de desilusão com a raça humana, mas acho que diversão é possível em qualquer lugar e qualquer hora, depende da predisposição para novas experiencias e, por quê não, novos conhecimentos e novos pontos de vista (porquê, claro, se está envolto em novas pessoas).
Talvez seja limitado o meu pensamento de que tudo é cultura (ou amplo demais), mas acho que outras perspectivas ajudam a encontrar soluções, ou então indicam outros caminhos para encontrá-las.

Sei la... talvez seja o tédio, o deslocamento social (apesar de tudo) ou uma crise de falta de fígado depois do fim de semana conturbado, mas acho que essas caixas estão se propagando, e nunca se quebrando como acho q deveriam... mas, como eu disse, pode ser um ponto de vista do mau humor.

segunda-feira, outubro 04, 2004

Era uma vez um ursinho muito solitário. Sempre que ele escolhia uma flor para colher, a flor não o permitia tocá-la. Quando a flor permitia, ele descobriu ter medo de seus espinhos. Assim, ele nunca conseguiu enfeitar sua casa.
Foi quando ele conheceu uma gatinha muito dengosa, que adorava passear no bosque e sorrir para as árvores.
A gatinha encantou-se com o quão felpudo era o ursinho, e por mais surrado que sua pelagem fosse, a gatinha não se importava: o brilho desesperançoso de seus olhos era mais atrativo, e talvez só uma gatinha tão aflita por dentro fosse capaz de perceber as maravilhas que existem num olhar vazio.
Mas o ursinho sentia muito medo. Medo que a gatinha tivesse espinhos, e que pudesse não aceitar seus afagos.
A gatinha, cujos antigos donos a expulsaram de casa, receava ser mal recebida por seu novo amigo e por medo do ursinho expulsá-la de seu coração, e não aceitava mostrar-se receptiva para os animaizinhos da floresta.
A Dona Joaninha, incapaz de auxiliar a nova moradora da clareira, ainda dizia que um urso daquele tamanho e com as patas tão brutas nunca seria capaz de afagar um animal tão pequeno e tão delicado, bem como insistia que a gata passaria pulgas para o pobre urso, já tão sofrido.
A gatinha queria ser afagada.
O ursinho queria um novo bibelô para enfeitar sua casa enquanto hibernava.

E a história seguiu.
Perpetuou-se na floresta.
A gatinha nunca se sentiu em casa. Afinal, ela não estava em casa.
O urso não conseguiu encontrar nada que enfeitasse sua casa, e suas hibernadas foram fúteis e vazias.

Temerosa, a gatinha buscou asilo no chiqueiro de seu amigo porco. O próprio urso ia muito lá.
A relação era separada por montes de feno e esterco.
O porco aprendia muito com o urso, como desenvolver sua mente e como catar colméias. A gatinha o ensinava a ser mais dócil e educado.
O porco desenvolvia-se, mas seus amigos estavam fadados a uma história de medos e fragilidade.

Dona Joaninha opunha-se a tão bizarro casal, e o próprio casal não era um casal: eram apenas dois bichinhos roliços que deixavam seus olhares melancólicos cruzarem-se até formar um lindo arco-íris.

O céu não aceitava esse arco-íris.
O brilho dos olhos não era radiante.
Não era feliz.

Talvez nunca tornar-se-ia: o pelo do urso era capaz de machucar a ele mesmo, ele temia maltratar a pobre gatinha.
A gatinha temia por suas unhas grandes e seus sonhos perturbados durante a noite.

Nem a gatinha, nem o ursinho sabiam a verdade:
Os medos do ursinho eram apenas o espinho da florzinha, que o marcou e nunca foi tirado. Talvez, se ele afagasse a pobre gatinha, o espinho retiraria-se sozinho.
A gatinha, que temia tanto a rejeição, na verdade temia igualmente tornar-se um bibelô, e nunca conseguiria se sentir plena diante de qualquer das opções que ele parecia dispor. Por mais mimosa que ela seja, é uma insatisfeita nata, e o ursinho ainda não foi capaz de domá-la, por mais que ela saiba, no fundo, que só ele é capaz.

Essa história é redundante. O final é inexistente.

Acabou?
Não sei ainda.
Espero que não.

sábado, outubro 02, 2004

Ultimamente tenho conversado com muitas pessoas que têm me descrito suas fases atuais. Um longo café hoje me fez aprofundar essa fase que, principalmente nas mulheres, determina o tédio social que assola nossa brilhante cidade.
Inicialmente, achei que era só eu. Chamei, então, de fase Legião Urbana. Parece querido, não? Não. É um tédio acentuado e que ressalta outras faces.

Vamos começar do porquê do nome.
“Já não sei dizer
Se ainda sei sentir
O meu coração
Já não me pertence
Já não quer mais
Me obedecer
Parece agora estar
Tão cansado quanto eu”

Então, num outro café, com outra amiga, ela me explicou que anda numa fase semelhante, mas com alguns detalhes a mais: carência, desânimo e falta de pique. Tudo isso, ainda, com a desilusão com o sexo oposto, mas como isso anda sendo corriqueiro para todo mundo, a gente nem precisa dar ênfase.
Logo, ela ainda concluiu que qualquer cara que não se mostre num primeiro momento, ela ta topando.
Insatisfeita, perguntei para algumas amigas como andavam, e como estavam vendo essa parte da vida. TODAS concordaram.
Ainda resolvi perguntar para uma amiga do meu irmão, ela com 15 anos, como ela se via nessa situação, e ela disse que baixou substancialmente os padrões dela (essa nova geração ainda me mata... muito cabeça... hihihiih).
Esse cio em massa me deixou um pouco apreensiva, pois logo recordei-me de quando estudava no Anchieta. Saí de lá no segundo ano, e todas as meninas andavam meio assim. Em março, quando voltei a falar com meus ex-colegas, três meninas estavam grávidas só na minha (antiga) sala, e na série, se não me engano, eram doze. Foi um esporreamento em massa!
Voltando ao ponto de partida, chamei carinhosamente esse “cio” de Engolir Sapos. Claro! A gente acaba, querendo ou não, abrindo mão de um possível príncipe e topando o sapo normal, desde que não engula (inicialmente) nenhum mosquito na nossa frente!
Será a primavera ou apenas uma crise hormonal acentuada?
Porque ainda posso acrescer os casos de pessoas que se dizem ficar cegas de amor, ou passar a pressionar o amigo/caso/namorado a um nível mais avançado de relacionamento, e assim, me parece, ignorando sentimentos alheios. Me apavoro, pois qualquer relacionamento brotado antes ou nessa fase parece estruturar-se em pilares angulosos, e gera duvidas quanto a honestidade ou duração.

Claro, é tudo uma bela ironia, e qualquer problema é dos outros, não quero, posso ou devo me meter...


Mas... será que lamber sapo alucina?